É com pesar que comunicamos o falecimento do padre Adolfo Nicolás, ex-Superior Geral da Companhia de Jesus, hoje (dia 20), em Tóquio (Japão).

Carinhosamente chamado de Adolfo por muitos, padre Nicolás nasceu em Palência (Espanha) em 29 de abril de 1936. Entrou na Companhia de Jesus em 1953, sendo ordenado sacerdote em 1967.

Enviado em missão para o Japão, foi professor de Teologia, reitor em colégio e Provincial, dedicando-se posteriormente ao trabalho social com imigrantes em Tóquio. Por dez anos, ele viveu nas Filipinas, atuando como diretor do Instituto Pastoral do Extremo Oriente (EAPI) e como presidente da Conferência de Provinciais da Ásia Oriental e Oceania. Depois de apresentar sua renúncia como Geral da Companhia, o jesuíta exerceu a função de diretor espiritual da EAPI e da Residência Internacional Arrupe em Manila (Filipinas).

Pe. Nicolás foi eleito Superior Geral pela 35ª Congregação Geral em 19 de janeiro de 2008. Oito anos depois, em 3 de outubro de 2016, a 36ª Congregação Geral aceitou sua renúncia. Na ocasião, em representação dos membros da Congregação e em nome da Companhia de Jesus, o Pe. Federico Lombardi dirigiu palavras sinceras ao Pe. Nicolás, nas quais agradeceu sua dedicação e seus serviço como Superior Geral. Esse tributo está registrado nos documentos da CG 36 e resume de maneira exemplar o estilo pessoal de exercer a autoridade que o Pe. Nicolás tinha – sempre cheio de carinho, bondade e alegria –, bem como suas inúmeras contribuições, como Superior Geral, em consonância com a Companhia e a Igreja. Como diz Pe. Lombardi, nunca esqueceremos duas palavras que Pe. Nicolás repetia constantemente e que nos levaram a renovar a Companhia: “universalidade” (a de nossa vocação e missão) e “profundidade” (espiritual e intelectual, pelo bem da nossa missão).

Talvez a melhor maneira de se lembrar do padre Adolfo Nicolás seja por meio da breve oração que ele escreveu após oito dias de Exercícios Espirituais que realizou, em 2011, em conjunto com seu Conselho Geral. Muitos meses após esses Exercícios, algumas reuniões do Conselho começaram com essa oração, que emergiu da meditação pessoal do Pe. Nicolás sobre a pesca milagrosa e que São João narra no capítulo 21. Constitui uma excelente síntese de sua pessoa e sua espiritualidade:

Senhor Jesus,
Que fraquezas viste em nós que te levaram à decisão de chamar-nos, apesar de tudo, para colaborar na tua missão?
Nós te agradecemos por ter-nos chamado, e te pedimos que não te esqueças da tua promessa de estar conosco até o fim dos tempos.
Com frequência nos invade o sentimento de ter trabalhado em vão toda a noite, esquecendo-nos de que estás conosco.
Pedimos a ti fazer-te presente nas nossas vidas e no nosso trabalho, hoje, amanhã e no futuro que está por chegar.
Plenifica com teu amor estas vidas nossas, que pomos a teu serviço.
Tira dos nossos corações o egoísmo de pensar no “nosso”, no “meu”, sempre excludente e carente de compaixão e de alegria. Ilumina as nossas mentes e os nossos corações, e não te esqueças de fazer-nos sorrir, quando as coisas não sejam como queríamos.
Faze que, no final do dia, de cada um dos nossos dias, nos sintamos mais unidos a Ti e que possamos perceber e descobrir, ao nosso redor, mais alegria e maior esperança.
Tudo isso te pedimos conscientes da nossa realidade. Somos homens fracos e pecadores, mas somos teus amigos.
Amém.

A leitura desta oração evoca o Pe. Nicolás mais real: um homem sábio, humilde e livre; total e generosamente comprometido com o serviço; comovido por aqueles que sofrem no mundo, mas, ao mesmo tempo, transbordando com a esperança de que sua fé no Senhor ressuscitado incutiu nele; excelente amigo, daqueles que amam rir e fazem os outros rirem; um homem do evangelho. É uma bênção tê-lo conhecido. Ao orarmos por sua eterna felicidade com o Senhor, a quem ele serviu tão bem, pedimos que possamos continuar servindo a missão da mesma maneira que ele, com bondade, generosidade e alegria.

Fonte e fotos: Cúria Geral dos Jesuítas